CENTRO DE ENSINO E PESQUISA APLICADA À EDUCAÇÃO: A INFLUÊNCIA DE CAPITAIS SOCIAL, CULTURAL E ECONÔMICO NO DESEMPENHO DOS ESTUDANTES

CENTRO DE ENSINO E PESQUISA APLICADA À EDUCAÇÃO: A INFLUÊNCIA DE CAPITAIS SOCIAL, CULTURAL E ECONÔMICO NO DESEMPENHO DOS ESTUDANTES
Marcos Estêvão Cardoso[1] 
José Augusto Rodrigues de Oliveira[2]
Vinícius Martins Bento[3]
Débora Lígia Ferreira da Silva[4]
Leonardo Bruno Assis Oliveira[5]
Guilherme Colherinhas de Oliveira[6]
Luiz Gonzaga Roversi Genovese[7]
Resumo
Este trabalho se trata de um estudo de caso desenvolvido no CEPAE-UFG com o intuito de analisar a relação entre os Capitais, Cultural, Social e Econômico e o desempenho acadêmico de estudantes acompanhados ao longo do ano letivo de 2018. Por meio da coleta de narrativas em entrevistas não programadas foi possível verificar a influência da origem e trajetória de vida dos alunos e alunas e seu reflexo direto em sua prática escolar.
Palavras-Chave: CEPAE. Capitais. Ensino.
Introdução/Justificativa
Esta pesquisa foi desenvolvida no Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (CEPAE) da Universidade Federal de Goiás (UFG) e sua execução se deu graças ao Pequeno Grupo de Pesquisa ali estabelecido (PGP-CEPAE).
Em termos geográficos o CEPAE se encontra no território do Campus II da UFG, localizado na extrema Zona Norte de Goiânia. Definir o espaço que ocupa dentro do campo da educação é mais complexo. Oferecendo aulas desde o Ensino Fundamental, Ensino Médio e Mestrado em Educação a instituição se comporta como um híbrido, fruto da relação do Campo Escolar com o Campo Universitário, o que gera tensões que só fazem sentido para os agentes que vivem aquela realidade.
Em sua Resolução Normativa, aprovada em 2014 pelo CONSUNI da UFG, seu papel, bem como direitos e deveres dos docentes, discentes e estagiários são criteriosamente definidos. Estabelecendo os fundamentos da pesquisa, do ensino e da extensão. Gostaria de destacar meus anseios e preocupações. O Capítulo 5 do PPP do CEPAE, inicia-se da seguinte forma:
O ingresso de alunos no Colégio de Aplicação (CAp) inicialmente não existia demanda por vagas, o número de alunos era menor que o número de vagas oferecidas. Esse quadro mudou à medida que o colégio foi se tornando conhecido, exigindo, portanto, um critério de seleção, o qual gerou a preocupação de estar elitizando o processo de aquisição das vagas. A partir de 1980 o tema foi discutido e várias possibilidades levantadas, como: sorteio para filhos de servidores da universidade, sorteio que dividisse equitativamente o número de vaga entre os servidores e a comunidade (PPP, CEPAE/UFG, 2013, p.08).
A preocupação com a elitização da aquisição de vagas, por consequência a elitização do ensino, é muito louvável e demonstra o interesse, por parte dos agentes envolvidos, em possibilitar uma educação que promova a igualdade social. No entanto diversas outras variáveis, diretamente ligadas a possibilidade de crianças e jovens estudarem, são descartados. Fatores como, por exemplo: A distância que o pretenso estudante reside da instituição de ensino e seus meios de locomoção. Se este necessita trabalhar e/ou ajudar os familiares em outros afazeres, num horário concorrido entre estudos e a “vida real”. Ou talvez se o círculo social, no qual está inserido, apresenta um apreço pela educação formal.
Por mais que o ingresso dos estudantes seja possibilitado por um sorteio, existem filtros, não explicitados, que vedam a possibilidade de todos participarem. Desta forma os sorteios não contarão, de forma generalizada, com a participação de representantes de cada “grupo social”. Encontraremos, tão somente, alunos e alunas que estejam previamente aptos a estudarem no CEPAE. A elitização do processo de aquisição de vagas ocorre bem antes de alcançar os muros da escola.
Metodologia
Ao longo de todo o semestre letivo de 2018. Este foi o tempo de intervenções e coleta de dados. Se tratando de um estudo de caso, por meio de uma inserção etnográfica e uma prática reflexiva, uma turma do Primeiro Ano do Ensino Médio teve seu desempenho, em física e ao decorrer em outras matérias, acompanhado e analisado.
Com três aulas de 45 minutos, sete horas de monitoria, semanais, foi possível estabelecer um vínculo professor-aluno / aluno-professor, com os estudantes, que possibilitou a coleta da narrativa de cada um ao longo de seu processo formativo.
O diálogo com os estudantes se desdobrava, inicialmente, em torno de saudações formais e debates sobre o conteúdo e cronograma escolar. Ao passar do tempo abordavam temas pessoais dos estudantes que diziam respeito ao seu convívio escolar como, por exemplo, locomoção para escola, tempo para estudar em casa, a necessidade de trabalhar e estudar, etc.
Assuntos diversos como cinema, jogos eletrônicos, a greve dos caminhoneiros (que afetou o período de aulas), a Copa do Mundo (onde pudemos acompanhar os jogos ao vivo durante as monitorias em alguns momentos) foram alguns temas que permearam o contexto da pesquisa e estavam presentes no discurso dos estudantes.
Para registrar a vivência das intervenções foram utilizadas notas de campo, onde pontos, considerados importantes, eram transcritos. Em um outro momento, o relato era descrito de forma mais detalhada. No auxílio da catalogação foram utilizados softwares como o Google Keep e Additor, o primeiro possibilita realizar notas rápidas e categorizadas, o segundo possui amplas ferramentas para construção de cadernos digitais, que possuam as mais diversas mídias.
Ao longo dos dias letivos o desempenho da turma do Primeiro Ano aqui estudada, foi sendo acompanhado tanto nas aulas regulares, quanto na monitoria. E após essa série de esforços, buscando o ensino significativo para cada aluno, o que se materializou nas notas das primeiras provas, foi uma sorte de desempenhos! Como se é percebido por toda prática pedagógica.
Em busca de compreender melhor cada aluno e aluna e auxiliar na coleta das narrativas, um mapeamento da turma foi realizado com base nos lugares que sentavam regularmente nas aulas de física. Em busca de um refinamento e direcionamento dos diálogos estabelecidos, com o nome de cada estudante em mãos, uma busca nas redes sociais foi realizada. Com intuito de encontrar seus perfis e visualizar publicações e/ou contas públicas, ou seja, que não necessitam de solicitação para serem visualizadas.
Sendo a escola apenas uma pequena parte da vida de cada ser humano, nas redes sociais, espaço virtual altamente utilizado por jovens, podemos encontrar diversos elementos do dia a dia dos estudantes que passam a fazer parte de quem eles são e nos auxiliam a compreender suas origens e trajetórias. Segundo Franco Ferrarotti:
Se nós somos, se todo o indivíduo é a reapropriação singular do universo social e histórico que o rodeia, podemos conhecer o social a partir da especificidade irredutível de uma práxis individual (NÓVOA & FINGER, 2010, p.45).
Dessa forma foi possível obter informações que não fariam parte de um diálogo entre professor e aluno ao longo de uma prática comum. Constituindo-se como verdadeiras autobiografias digitais. Familiares, viagens, lugares que frequentam, festas, colegas e amigos da escola com quem compartilham, músicas, séries e filmes preferidos e muito mais. Tudo disponível a poucos cliques de forma pública na internet.
Após os primeiros meses de aula tínhamos um pouco mais de ciência de quem eram os estudantes com quem estávamos trabalhando. Os dados coletados nas redes sociais foram utilizados para realizar perguntas intencionais aos estudantes, nos momentos das aulas e monitoria, sempre buscando novas narrativas que trouxessem luz a história de vida de cada um.
O primeiro semestre já estava findando e devido o pouco tempo nas aulas tradicionais, para tocar em assuntos além do conteúdo de física proposto, e a flutuação da frequência dos estudantes na monitoria, havíamos coletado muitos dados de alguns estudantes, enquanto de outros, possuímos pouco. Seja por não possuírem redes sociais, por não frequentarem a monitoria ou por se mostrarem mais fechados para um diálogo além do tradicional: “como resolve esse exercício?”.
Com o propósito de ter uma base mínima de dados de cada estudante utilizamos um questionário construído pelo, na época, mestrando formador Thiago Ribeiro a nível do Grande Grupo de Pesquisa (GGP), que traz perguntas que nos possibilitam pensar nos capitais de cada estudante a luz de Pierre Bourdieu.
O questionário foi então adaptado para a realidade do CEPAE, explicado aos estudantes na primeira semana de aulas do segundo semestre e aplicado no mês de outubro.
Enquanto os estudantes respondiam o questionário de forma eletrônica, assim que possível para eles, com o nome dos pais e responsáveis, de cada um, uma nova busca na internet foi realizada. Mas agora, não apenas em redes sociais, mas em toda a internet de forma geral. Sendo possível encontrar dados públicos, como, por exemplo, multas de trânsito, processos judiciais, abertura de CNPJ, etc, dos pais e responsáveis. Com este imenso volume de dados foi possível definir um perfil social, cultural e econômico dos alunos, no que diz respeito às suas definições para Pierre Bourdieu.
Discussão Teórica
Para obter os Capitais Cultural, Social e econômico dos estudantes, nos valemos da coleta de dados por meio de narrativas de vida proposta por Daniel Bertaux (1976). A narrativa de vida, de forma “minimalista”, pode ser caracterizada como uma “descrição sob forma de narrativa de um fragmento da experiência vivida” (BERTAUX, 2010, p.18). Pode-se surgir a dúvida quanto a confiabilidade do que se é dito pelos indivíduos entrevistados com relação a sua trajetória de vida, contudo pesquisas realizadas, comparando a obtenção de dados qualitativos por meio de questionários e da narrativa de vida, demonstram que além de confiáveis se tornam proporcionadoras de detalhes que contribuem com a compreensão dos indivíduos estudados (BATTAGLIOLA et al., 1991).
Além disto, neste trabalho não ficamos amarrados a forma já consolidada, no meio acadêmico, de entrevistas individuais previamente marcadas entre entrevistado e entrevistador (BERTAUX, 2005). A posição ocupada pelos autores deste resumo está entre a prática de lecionar, ou seja, ensinar, e a de realizar pesquisa em ensino. Notem, portanto, que este trabalho é justamente a junção entre ensinar e pesquisar. Por meio da imersão no universo da escola, onde estão inseridos os sujeitos da análise, é possível compreender de forma mais clara, participando do dia a dia dos alunos e alunas, “como funcionam” (p.29) os processos educacionais aos quais estão submetidos. Isso requer um abandono de preconceitos desenvolvidos anteriormente a esta experiência, para que não venham impedir a percepção do que de fato ocorre com os estudantes (BERTAUX, 2005).
Desta forma, as narrativas de vida, foram coletadas e analisadas constantemente ao longo de uma disciplina conforme procedimento descrito a seguir: (i) autobiografia (NÓVOA; FINGER, 1988) para se adquirir uma visão mais clara do perfil do estudantes; (ii) diálogos individuais e coletivos ao longo das aulas e devidamente transcrevidos; (iii) análise de gravações, tanto das aulas como também em um momento específico, sendo possível “ver em cena” cada aluna e aluno.
Tudo isso com o objetivo de analisar a relação entre a vida pessoal de estudantes e sua formação no ensino médio. Para isso nos valemos de uma adaptação do que Pierre Dominicé (1982) desenvolveu com a formação de adultos para compreender aspectos que os levavam a tomar decisões que afetariam sua vida profissional. No nosso caso, elementos que afetam o desempenho dos estudantes nas matérias presentes no Ensino Médio.
Resultados
Ao longo de toda a pesquisa 30 estudantes foram acompanhados. Destes, 29 participaram da pesquisa desde o início do ano letivo e um a partir do segundo semestre.
3% estudavam no CEPAE há dez anos, 40% há nove anos, 7% há oito anos, 13% há sete anos, 7% há seis anos, 3% há cinco anos, 10% há três anos, 3% há dois anos, 3% há um ano e 7% entraram em 2018 no colégio.
No meio do ano, 10% dos estudantes pediram transferência para outras instituições da rede pública e privada. Nenhum deles apresentavam excesso com relação a conceitos negativos e obtiveram conceitos “Bom” e “Regular” na primeira escala na maioria das disciplinas. O mesmo quadro se repetiu para 7% na segunda escala e 3% passaram a contar com o conceito insatisfatório na maioria das matérias.
Entre os argumentos mais presentes, para transferência dos estudantes, estão as alegações dos choques entre a rotina da vida do estudantes e a rotina de estudo e atividades obrigatórias impostas pela escola. Estavam portanto cientes de que continuar seria caminhar para uma reprovação.
Outro ponto apresentado diz respeito a "filosofia" de alguns professores e, por consequência da instituição, encontrados no Ensino Médio, que iam contra a visão de educação e o papel da escola que os pais, responsáveis e estudantes possuíam. Buscar outra escola foi a solução encontrada. Os estudantes que pediram transferência estudavam no CEPAE a, pelo menos, sete anos.
17% dos estudantes foram reprovados no final do ano, 7% já haviam reprovado em anos anteriores. Entre os reprovados temos desde estudantes que entraram naquele ano até os que estavam no CEPAE há nove anos. A pergunta que fica é: qual é o perfil social, cultural e econômico dos estudantes que participaram desta pesquisa?
Vamos utilizar duas grandes categorias, para facilitar a compreensão dos dados. Na primeira contamos com estudantes que não tiraram nenhum conceito insatisfatório em, pelo menos, 75% das escalas. São considerados pela escola, devido ao seu desempenho, bons alunos e até mesmo exemplos a serem seguidos pelos demais.
O segundo grupo é formado por estudantes que possuem conceito insatisfatório, em pelo menos uma matéria, em 50% das escalas ou mais. Sendo considerados, ainda pela instituição, como estudantes medianos ou que necessitam melhorar.
Sem Conceito Insatisfatório em, pelo menos, 75% das Escalas
O primeiro grande grupo é formado por estudantes que possuem pais e mães com ensino superior completo, com mães tendo uma formação maior ou igual os pais.
Os pais possuem empregos administrativos em empresas ou atuam de forma autônoma; prestam serviços técnicos com mão de obra qualificada; são empresários; e funcionários públicos Estaduais ou Federais. As mães possuem empregos administrativos; na área de educação; autônomas e empresárias; contando, também, com servidoras do Estado e da Federação. A renda familiar varia entre 3 a 18 salários mínimos e, na maioria dos casos, a renda é provida pelo pai, no caso de empresários a mãe atua na gestão da empresa.
Os estudantes possuem uma extensa agenda de atividades extra escolares. Possuem um contato com as artes, por meio de aulas de música, onde se aprofundam em instrumentos clássicos; aulas de dança, teatro, etc.
De forma geral os alunos e alunas participam de forma ativa trabalhando com os pais e mães em seus empregos ou em outras atividades que desempenham como, por exemplo, em comunidades religiosas, ocupando cargos de liderança. Esta prática possibilita desenvolverem a autonomia e adquirir competências e habilidades para cumprir as tarefas que lhe cabem. Podemos citar para elucidação, o domínio da informática, oratória, cumprimento de prazos, organização.
Possuem também um apreço pela cultura erudita, praticam exercícios físicos e cuidam da alimentação. Contam com uma lista de destinos de viagens nacionais e internacionais, para passeio, visita a parentes e participação em eventos que lhe interessam. Quanto a seu desempenho nas matérias, contamos com dois subgrupos dentro dos que não possuem conceitos insatisfatórios em pelo menos 75% das escalas.
No primeiro subgrupo temos estudantes que gostam de aprender novos conteúdos de forma geral, buscam cumprir todos os objetivos e se sentem bem por adquirir mais conhecimento. Não utilizam caminhos "alternativos" como, por exemplo, colar em provas ou pegar tarefas prontas com os colegas. Isso se dá devido a sua postura moral com base em uma ética fundada em princípios religiosos, que carregam consigo.
O segundo subgrupo está mais preocupado em cumprir com os prazos e objetivos estipulados pelos professores. Mesmo que isso signifique colar em provas ou recorrer atividades prontas. Não vem o mesmo valor em aprender tantas "coisas" como o primeiro subgrupo.
No fim das contas, quando há um excesso de atividades a serem entregues e provas muito próximas, o segundo subgrupo tem muita vantagem por utilizar métodos que não vão lhe garantir uma aprendizagem significativa, mas sim um "A" ou "B" no boletim.
Conceito Insatisfatório em, pelo menos, 50% das Escalas
O segundo grande grupo é formado por estudantes que possuem pais e mães com ensino médio completo, com exceções, de pais e mẽs, tendo ensino superior e pós graduação. Com mães tendo uma formação maior ou igual os pais. Com um número significante de pais com ensino fundamental incompleto, e casos de ensino médio e superior incompleto.
Os pais possuem profissões na área de vendas, varejo e atacado; proprietários de pequenos comércios; atuam como motoristas em suas diversas modalidade; autônomos em áreas de ofício e profissionais. Em menor número, funcionários públicos, empresários e área da saúde.
As mães possuem emprego na área do comércio, atuam de forma autônoma na área da costura. Casos em áreas administrativas e serviços gerais na área da limpeza. Um número expressivo que não trabalham. E em menor número, empresárias e funcionárias públicas.
A renda familiar varia entre 2 a 17 salários mínimos e, na maioria dos casos, a renda é provida pelo pai, no caso de empresários a mãe atua na gestão da empresa.
A rotina dos estudantes, deste grande grupo, é bem diferente do primeiro grande grupo. Permeia a prática de esportes por lazer e de forma semi profissional, futebol, basquete e vôlei são os mais relatos. Frequentar academia também faz parte do dia a dia de boa parte deles.
Apesar da renda variar de 2 a 17 salários mínimos, há uma concentração de renda familiar menor do que no primeiro grande grupo. Havendo casos, onde os estudantes precisam trabalhar, no contra turno escolar, para auxiliar nas despesas de casa e na compra de materiais de estudo.
Possuem menos conhecimento e participação na profissão dos pais e mães. Além do esporte, desenvolvem atividades de lazer e entretenimento o que lhes garante habilidades e competências em áreas bem distintas e, em alguns casos, de nichos, que muitas vezes não são valorizadas pela escola.
Quanto a seu desempenho nas matérias, contamos com três subgrupos dentro dos que possuem conceitos insatisfatórios em pelo menos 50% das escalas.
No primeiro subgrupo temos estudantes que se esforçam para alcançar todos os objetivos propostos pelos professores, mas em alguns casos não conseguem cumpri-los. Seja por não dominarem um conteúdo ou método necessário para a execução da atividade, ou até mesmo, pela concorrência com as demais atividades de suas vidas que concorrem e não contribuem com a rotina escola.
O segundo subgrupo dá mais atenção a suas atividades extra escolares, seja por buscarem um futuro nelas, por lazer ou necessidade imediata (dinheiro, por exemplo). Muitas vezes são tachados de desinteressados, mas ao tentar cumprir as atividades escolares não encontram apoio em seus pares (seja familiares, amigos e colegas) e a falta de tempo cria o cenário de caos perfeito.
Para o terceiro subgrupo temos o seguinte quadro. Estudantes que possuem, tempo, competência e habilidades necessárias para cumprir todas as atividades escolares. Contudo, não se sentem interessados na lógica imposta pela rotina escolar. Em alguns casos, dominam conteúdos previstos para sua faixa etária e outros de anos futuros da educação, inclusive ensino superior. Por não se sentirem atraídos em obter bons conceitos e consequentemente prestígio, preferem estudar o que lhes agrada, sempre cientes de quando será necessário cumprir o que a escola pede para não ultrapassarem o número máximo de conceitos insatisfatório ou insuficiente que podem ter.
Conclusão
O desempenhos dos estudantes, bem como, suas aprovações, reprovações e transferências, estão diretamente ligados aos capitais cultural, social e econômico por eles herdados por meio de seu convívio familiar, gerando um habitus que os possibilita uma prática que os favorece ou prejudica. Ver os estudantes como iguais, com os mesmo potenciais e passíveis de serem cobrados em um mesmo nível, promove uma educação discriminatória, ao não levar em conta as necessidades individuais de cada estudantes.
Sendo assim o Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação, apesar de um ingresso na instituição de forma democrática, não possibilita a permanência de estudantes que não possuem a cultura legítima exigida pela instituição.
Referências
BATTAGLIOLA, Françoise et al. Dire sa vie: entre travail et famille; la construction sociale des trajectoires. Centre de sociologie urbaine, 1991.
BERTAUX, Daniel. Histoires de vie ou récits de pratiques. Centre National de la Recherche Scientifique, 1976.
BERTAUX, Daniel. Narrativas de vida: a pesquisa e seus métodos. São Paulo: Paulus, 2010.
BOGDAN, R.; BIKLEN, S. Investigação qualitativa em educação. Porto: Porto Editora, 2014.
DOMINICÉ, Pierre. La biographie éducative, instrument de recherche pour l'éducation des adultes. Éducation et recherche, v. 4, p. 261-272, 1982.
NÓVOA, António; FINGER, Mathias. O método (auto) biográfico e a formação. Lisboa: ms/drhs/cfap, 1988.
PROGRAD. CEPAE. Disponível em: https://prograd.ufg.br/n/16162-cepae . Acesso em: 1 de mar. 2019

[1] Universidade Federal de Goiás, Instituto de Física, marcosestevaocardoso@gmail.com
[2] Universidade Federal de Goiás, Instituto de Física, joseaugusto.augusto.rodrigues@gmail.com
[3] Universidade Federal de Goiás, Instituto de Física, victorylose@gmail.com
[4] Universidade Federal de Goiás, CEPAE, deboraligiafs@gmail.com
[5] Universidade Federal de Goiás, CEPAE, leonardobruno.assis@gmail.com
[6] Universidade Federal de Goiás, CEPAE, gcolherinhas@gmail.com
[7] Universidade Federal de Goiás, Instituto de Física, luizgenovese@gmail.com

Comentários

  1. Iron Blade – Titanium Blades - TITIAN Arts
    Iron burnt titanium Blade. A high quality and lightweight does titanium have nickel in it razor. Iron blade. black oxide vs titanium drill bits Open comb design. Chrome plated titanium nose stud zinc edge. babyliss pro titanium flat iron Made in Germany.

    ResponderExcluir
  2. Self Serve is a sex-positive, health- and education-focused grownup store and resource center. We imagine that sex is wholesome and pleasure is good for you. The sleek, easy-to-handle Manta is designed to be perfect for companion sex nicely as|in addition to} solo play, sliding between sex toy your our bodies and principally turning your penis into a vibrator.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

O PAPEL DA AFETIVIDADE NA ESCOLHA PELA LICENCIATURA EM FÍSICA NA ÓTICA DE LICENCIANDOS EXPERIENTES